domingo, 13 de abril de 2008

Um jornalista não deve ser notícia, mas...

























...Ferreira Fernandes também é dos que pensa, logo escreve. Eu, transcrevo, por concordar com o que pensa :
"Foi na sede do PSD a conferência de imprensa. E foi o vice-presidente Rui Gomes da Silva a falar. Ontem, ele disse que a RTP não devia contratar a jornalista Fernanda Câncio porque esta tem "um relacionamento com o primeiro-ministro". E concluiu: "Em política o que parece é." Aquela conferência de imprensa pareceu-me tola. E, como mais política não podia ser (na sede do PSD e com o vice-presidente), parecendo tola, foi.
E tendo sido tola porque sendo política o parecia, foi tola também porque os argumentos de Rui Gomes da Silva foram tolos. Pequenez sobre a qual eu era capaz de generosamente deitar um manto, não fosse ela também uma pulhice.
Quando dei por Fernanda Câncio, lendo-a, eu não saberia dizer quem eram, politicamente, três dos actuais líderes dos cinco partidos nacionais: José Sócrates, Luís Filipe Menezes e Jerónimo de Sousa. Quem?!!... Só de raspão teria ouvido falar deles. Conhecidos, só Paulo Portas (e como jornalista) e Francisco Louçã, com quem eu tinha andado num mesmo pequeno partido. Já Fernanda Câncio, jornalista, eu conhecia pelo seu trabalho...
A RTP contratou Fernanda Câncio para ela fazer aquilo que faz há anos com mérito: reportagens sobre questões sociais. A Câncio é repórter, já trabalhou em televisão (na SIC) e as questões sociais são a sua área de especialização. A RTP não a contratou para um cargo, mas para um trabalho. Por chicana política, por julgar que ganha pontos sobre o partido do Governo, um partido da oposição não se importou de insultar uma trabalhadora, enquanto trabalhadora. Rui Gomes da Silva insultou-a dizendo que a RTP a foi buscar "única e exclusivamente por razões que são de todos conhecidas". E que essas razões são "um relacionamento com o primeiro-ministro".
Pois a mim mais natural me parece que se contrate Fernanda Câncio como repórter do que Rui Gomes da Silva para dizer coisas em nome de um partido. Leio o que ainda esta semana Fernanda Câncio escreveu no DN, leio a conferência de imprensa de Rui Gomes da Silva, e se há que suspeitar de alguém por andar às cavalitas de alguma cunha, não é na jornalista que penso.
Fernanda Câncio tem "um relacionamento com o primeiro-ministro". Tem? Pois aí está outro mérito: conhecem fotos dela com o primeiro-ministro? Há-as, mas só tiradas à socapa. Conheço mais fotos de Rui Gomes da Silva com ex-primeiros-ministros. Num país de apêndices militantes, gente que se baba por frequentar os poderosos - e faz gala de o mostrar -, haja alguém como a Câncio que, se anda com o primeiro-ministro, não aparece. Essa é que era a frase, Rui Gomes da Silva: se não aparece, é. A Fernanda Câncio é."
Está escrito!

Um comentário:

João Baptista Pico disse...

Está a combater com argumentos elitistas, impróprios do tema da reinserção social e dos bairros problemáticos.
E veja lá se a Senhora não fazia esses programas dando esses honorários para a causa?!
Esse era o primeiro exemplo a seguir. Pra que não aparentasse querer tirar proveito da situação.
Depois até aceitava que ela a Fernanda Câncio viesse dizer que tinha falado muito com o namorado com a finalidade de resolverem ou ajudarem a resolver esses problemas de reinserção social...
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