terça-feira, 21 de agosto de 2007

112 - Vergonha nacional

Escrevi aqui, em Maio deste ano, que o INEM, cujos serviços de atendimento estão nas paredes e no ar condicionado de Lisboa, prestavam um mau serviço (não quero generalizar) e que, em algumas situações se corria risco de vida.
Infelizmente, não me enganei, apesar de ter registado a ausência de comentários aos post.

Aqui está a ilustração do que escrevi há três meses:

"A morte de duas pessoas em Torres Novas em Maio após paragens cardio-respiratórias deveu-se a um «acumular de erros» de avaliação da emergência médica INEM e dos bombeiros locais, conclui um relatório da Inspecção-Geral das Actividades em Saúde.

No resumo do relatório a que a Agência Lusa teve acesso, o IGAS aponta um «acumular de erros» na assistência de emergência realizada em Maio último, indicando que os serviços de atendimento do INEM fizeram uma deficiente avaliação da gravidade do caso, confundiram a localização das vítimas e aconselharam um meio inadequado.

Por outro lado, também os Bombeiros Voluntários de Torres Novas não estão isentos de responsabilidade no sucedido.

De acordo com o documento, apesar do «esforço louvável», os bombeiros não contactaram imediatamente - como deveriam - o Centro de Orientação de Doentes Urgentes de Lisboa e Vale do Tejo (CODU LVT) a dar a informação de que as duas vítimas estavam em paragem cardio-respiratória.

Segundo a IGAS (antiga Inspecção-Geral da Saúde), no primeiro contacto a operadora do INEM «não conseguiu gerir a comunicação» com a pessoa que faz o telefonema e por isso «não foi accionado o meio de socorro adequado, tendo sido recomendado o recurso à ambulância dos bombeiros voluntários» de Torres Novas.

«A operadora do INEM cometeu também um erro de localização (atribuindo a ocorrência a Lamarosa, Coruche, e não a Lamarosa, Torres Novas), o que veio a condicionar toda a actuação posterior dos restantes operadores», prossegue o texto.

Quando a tripulação chegou ao local e se deparou com duas vítimas foi pedida à corporação de bombeiros que fizesse sair a ambulância INEM do quartel, sem ter sido levantada - como deveria - a hipótese de ligar para o Centro de Orientação de Doentes Urgentes de Lisboa e Vale do Tejo (CODU LVT).

O relatório da IGAS indica que a alteração de três condicionantes neste caso poderia ter accionado o envio de uma Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER): se o contacto com o CODU LVT tivesse acontecido, se tivesse sido referido que as duas vítimas estavam em paragem cardio-respiratório e se o centro de orientação «valorizasse então a situação em conformidade».

Só quando a tripulação dos bombeiros da segunda ambulância forneceu os dados ao CODU LVT é que se começou a «percepcionar a gravidade da situação e o local em causa», aponta a IGAS.

Face à situação das vítimas, o tempo decorrido e a distância para o hospital, o médico regulador do CODU indicou aos bombeiros para transportarem as vítimas até ao Centro Hospitalar do Médio Tejo (Tomar), «o que está de acordo com a melhor resposta: levar as vítimas o mais rapidamente possível para o hospital».

«Na situação em causa não houve recusa de meios, mas deficiente percepção da situação e aconselhamento de meio de socorro inadequado à situação, por parte do INEM e um esforço louvável por parte dos BVTN que, no entanto, poderia ter sido mais eficaz se, no momento em que a tripulação da primeira ambulância chegou ao local e se deparou com duas vítimas, tivesse contactado o CODU, descrevendo circunstanciadamente a situação», resume o IGAS.

Do processo interno do INEM resultou a suspensão por cinco dias da operadora que iniciou o processo de socorro e depois de conhecer as recomendações da IGAS foram abertos dois processos de averiguação, ainda a decorrer".

Comentário: Não me parece justo dividir as responsabilidades deste triste caso com os Bombeiros Voluntários de Torres Novas. Fizeram o que puderam, mediante as circunstâncias.

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