quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

"Só esses?" Porra, isto é que é solidariedade










"Só esses?", perguntavam os deputados socialistas, ao início da tarde, quando se cruzavam com jornalistas nos corredores do Parlamento e tentavam saber as últimas novidades sobre a remodelação. "Sim, só esses", respondiam os jornalistas. A versão oficial, veiculada pelo porta-voz do PS, diz que o Governo sai reforçado depois das mexidas cirúrgicas operadas por Sócrates. Mas, com os microfones desligados, não faltava entre os deputados socialistas quem confessasse a incredulidade perante a "oportunidade perdida" do primeiro-ministro. A expectativa de uma remodelação mais profunda não existia apenas na oposição - também havia muitos socialistas a contar com isso, olhando para ministérios como as Obras Públicas, Economia, Agricultura e Ambiente.

"Curto, muito curto", dizia ao Expresso um dirigente socialista, comentando as três alterações no Governo. "Não faz sentido nenhum", desabafava outro responsável do PS, criticando a extensão da remodelação e o seu timing. Até houve quem recusasse fazer comentários, com uma cautela irónica: "Não comento enquanto não conhecer as alterações todas. Se calhar ainda não sabemos tudo..."

Também havia quem, mais conformado, visse no anúncio de Sócrates a remodelação "possível e necessária". "É a prova de que ele não queria mesmo remodelar, e aproveitou a saída do Amaral Tomás para mudar os que não deram mesmo conta do recado", dizia outro dirigente nacional do PS. Ontem, a convicção generalizada era que o primeiro-ministro foi forçado a aproveitar a saída do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que na sexta-feira anunciou estar demissionário.

Nos corredores, entre a estupefacção de uns, destacava-se o contentamento de outros. O Expresso testemunhou o abraço efusivo com que dois deputados socialistas celebraram a demissão de Correia de Campos. Decididamente o ministro da Saúde era persona non grata entre os socialistas ligados ao país real. Agora que não precisam de o defender, só faltou o champanhe.
Fonte: Expresso on line

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