quinta-feira, 27 de março de 2008

Tá lá «stôra»







Esta saga do vídeo da Escola Carolina (oh nome do caraças) Michaelis começa a aborrecer.
Afinal, há mais meninos e meninas mal-educados noutras escolas. Olha a novidade!
Há 30 anos também havia! O que ainda não havia era o You Tube.
Decidido que está que a jovem protagonista desta verdadeira história pascal (olha a falta de notícia), irá mudar de escola, pergunto: resolve o problema? Obviamente, não!
Provalvelmente, agrava-o, na perspectiva social da miúda.
Enquanto isso, a «stôra» (não percebo porque é que se permite que os jovens tratem assim o professor) vai apresentar queixa contra a aluna e a turma. Vai? Agora? Por vontade própria ou pela pressão mediática?
Já aqui escrevi o que penso sobre o assunto dos telemóveis na sala de aula. Mas, porque também sou aluna numa escola do ensino superior (fora do tempo, mas sou), ocorre-me contar, sem referir nomes, que tenho visto alguns - repito, alguns – professores utilizarem o telemóvel em plena aula. A bem da verdade, também devo referir que o fizeram sem perturbação para o normal desenrolar da aula.
Por regra também levo o telemóvel para a aula, em silêncio. Das vezes que precisei de atender chamadas, nunca mo foi negado. Sem perturbação para a turma.

E para rematar, recupero uma informação veiculada esta semana pelo Jornal “Público” que dizia que “Numa das reuniões do conselho executivo, a professora Adozinda Cruz confirmou que autorizou os alunos a manterem os telemóveis ligados, permitindo-lhes que ouvissem música. Patrícia terá extravasado a ordem atendendo uma chamada da mãe.”
Por isso, calma com o debate.
Educação, sem duvida!
Autoridade…também, mas essa conquista-se.

7 comentários:

João Baptista Pico disse...

Por medo a professora não participou a ocorrência na sala de aula. E assim, nessa sucessiva e perigosa cascata de complacência e indiderença e desmobilização se foi perdendo o ensino, a educação, a cidadania.
Por não acreditar na eficácia da Justiça ( a Sábado de ontem é arrasadora em "n" casos, onde a Justiça ao fim de 5 a 7 anos deu pena suspensa aos pais e familiares que pontapearam uma professora durante vários minutos, e uma vigilante que viera em seu socorro, tudo porque a professora reprovou o aluno), a professora do caso Carolina Michaëlis, quase no fim da sua carreira ( 60 anos),nada intentou
estando agora a viver dias amargurados, fechada em casa.
Por medo e por não se confiar na Justiça, não sabemos já há quantos anos, os desacatos, as lutas, as ameaças, os insultos, e todo tipo de chantagem emocional perpetuado pelos alunos e "gangs" com peso no interior das escolas foram criando um clima de terror, junto de vigilantes e dos professores.
Como é que uma classe com peso académico, que não são nenhuns analfabetos dos Direitos, Liberdades e Garantias da nossa Constituição, acabaram esmagados pela acção perniciosa de grupos de alunos organizados em gangs ou por
mote próprio se deixou intimidar e quase anular na sua acção educativa?!
E se tomarmos em atenção outras situações, onde a cidadania foi arredada da nossa vida política e administrativa e tudo acaba por ficar na mão de prepotentes, desde o contínuo ao amanuense ou ao director de serviços, a decidirem a seu belo prazer, então não será fácil perceber porque razão o nosso país caminha para a cauda da Europa.
Mais: parece já conformado com essa inevitabilidade, pois nem os sucessivos governos de há anos a esta parte, criaram um movimento ou acção que contrariasse essa inércia complacente.
Perante a preocupação do PGR, certeiro no seu juízo, a ministra antes e agora o secretário de Estado do Ensino tudo fizeram para desvalorizar o assunto, negando crise e desautorizando mais uma vez os professores.
Valeu o caso da aluna que afrontou a professora no caso do telemóvel e do colega que gravou esse episódio. O resto, foi o que sempre se soube uma imagem vale por mil palavras, para mais, quando a palavra já não valia mesmo nada.
O que é que correeu assim tão mal para 34 anos depois de Abril tenhampos ficado assim com tanto medo e descrédito nas Instituições que sempre se pautaram por nos identificar com a Matriz Ocidental, desde o Império Romano, no caso, a Justiça e Escola?!

João Baptista Pico disse...
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João Baptista Pico disse...

O comentário anterior era para o "santamargarida". Houve aqui um lapso meu. Mas no resto tudo bem.

-Uma nota mais: como é que o juiz poderá julgar uma turma de indiferentes, se o Conselho Directivo e os demais professorres da escola também acabaram em completa e total complacência com o sucedido?!
E até a própria «stôra» - já vi muitas orgulhosas com esse tratamento, que achavam chique ( gostos!...) - só actuou à posteriori!!!
Feitiço contra o feiticeiro, será?!

fernanda disse...

Concordo consigo.
De facto, não faz sentido que um processo destes vá entupir a barra dos tribunais.

Nota: Ainda não consegui localizar o livro que me indicou outro dia. Mas hei-de encontrar. Estou curiosa!
Bom fim-de-semana.

João Baptista Pico disse...

Com um serviço 24 horas nas Conservatórias dos Registos Civis penso que Sócrates recuperava logo a receita da baixa do IVA para 20%.
Porque assim, a liberalidade era total, com de resto, a doutrina liberal o exige. Liberalidade total.
Se possível, com vários guichets da Loja do Cidadão ali para o Elefante Branco, Bairro Alto, Docas Alcântara, Casino Estoril e o de Lisboa na "Expo", de forma aos "namoricos" deocasião poderem frutificar imediatamente.
Os casados e as casadas decidiam logo " o descarte", termo mais adequado a essa facilidade do divórcio, e lá seguiam com os novos amores...
A ASAE só tinha que ir às bodas.
Não há dúvida Sócrates perde todos os dias eleitorado, e em efeito cascata, não sei se chegará a 2009, sem eleições...
Talvez Sócrates até decida ele mesmo antecipá-las, antes que perca tudo...
Assim, já podia aumentar de novo os impostos antes de 2010...

PS (Post scriptum, entenda-se)
O livro é editado pela Europa-América, se isso ajudar.

Anônimo disse...

Minha querida, compreendo a sua reacção apesar de a ter de condenar veemente. Pelo que diz, estuda no Ensino Superior mas já devia ter terminado os seus estudos superiores há algm tempo o que me sugere alguém de idade mais avançada e, consequentemente, a quem se exige mais reflexão nos seus comentários face a questões desta gravidade. Mas é aluna e também gosta de atender o seu telemóvel nas aulas tal como os seus professores o fazem (e isto sim também é condenável!). A minha amiga blogosférica pertence provavelmente à geração dos pais desta menina - geração que nasceu e cresceu com as maiores liberdades sem saber que a maior liberdade implica sempre a maior responsabilidade. Também eles devem achar (se não morreram já de vergonha pelo vexame que todos os dias têm de passar aquando das críticas justas e corrosivas que todos os comentadores televisivos e jornalistas têm proferido nos media) que não há mal nenhum em atender uma chamada telefónica... tanto é que me diz que a chamada foi feita pela mãe da criatura! Qual a mãe que se acha no direito de interromper uma aula?! Se o assunto é grave e urgente (o que não foi senão essas coisas já teriam vindo a lume!) a escola tem telefones e funcionários que se deslocam à sala e pedem que o aluno se ausente por momentos.
Enquanto nós, adultos, não colocarmos a cabeça no lugar, jamais conseguiremos passar essa maturidade para os miúdes. Porque é do exemplo que se tira o melhor dos ensinamentos. Como alguém já disse na televisão, esta menina só falou assim com a professora pois é assim que ouve falar em casa e é assim que fala com a mãe. Esta menina só usou o telemóvel na aula porque provavelmente em casa usa-o a qualquer hora e em qualquer situação. Longe vão os tempos em que as famílias sabiam impor limites e em que, por exemplo, as horas das refeições eram sagradas - ninguém que ousesse levantar-se da mesa para ir atender um telefone! Mas isso também não acontecia porque as pessoas comiam a horas certas, todas juntas, e ninguém de bom tom ligava a essas horas.
Repito o que disse no início. Compreendo a sua identificação com esta garota e a sua revolta interior para com os seus professores. Mas não posso deixar passar em branco o seu post pois não creio ser benéfico para adolescentes de 14 e 15 anos tais declarações. Eles não sabem distuinguir a diferença entre ter 15 ou 35 aos! Eles não sabem distuinguir a diferença entre aulas obrigatórias e aulas facultativas. Eles não sabem distuinguir a diferença entre ensino básico e ensino superior. E tudo lhes vai parecer o mesmo.
Fora isto, minha querida, continue o seu blog que sempre visito e do qual muito gosto.

fernanda disse...

Caro anónimo:
Obrigada pelo comentário. é sempre bem-vindo. É meu dever esclarecer duas ou três coisitas.
Provalvelmente, ter-me-ei explicado mal (arre!).
De todo, não me identifico com a garota do telemóvel. Não tenho os hábitos de educação dela e tenho idade para ser sua mãe. Também não tenho qualquer revolta interior com os meus professores. Pelo contrário, respeito-os e por alguns nutro até admiração. O que quis aqui registar, a propósito da polémica sobre a permissão, ou não, dos telemóveis nas aulas, é que, da minha exteriência escolar, já ouvi telemóveis de alguns professores a tocar em plena aula. A este propósito, fiz questão de frisar que em nenhuma oportunidade isso constituiu factor de desestabilização para a classe. Passo também a explicar porque é que levo telemóvel ligadado (repito: no silèncio) para a sala de aula. Sou trabalhadora-estudante. Estou a fazer uma licenciatura aos 41 anos (Não, não devia já ter terminado. Está correr com normalidade, obrigada!). Trata-se de um exercício de grande esforço, sobretudo num sistema que ainda não está preparado para quem estuda e trabalha ao mesmo tempo. Com horários escolares a coincidirem com horários laborais, faço-o como precaução para o caso de um contacto urgente por parte da minha entidade patronal. Não me diga que vem mal ao mundo se pedir licença para ir à rua 2 minutos, sem perturbar o normal funcionamento da aula?
Desde o 1º dia em entrei no ensino superior, tive a consciência de que me iria submeter exactamente às mesmas regras do aluno normal. Sou claramente apologista de regras bem definidas para o bom funcionamento de uma aula.
Se o docente informar que o telemóvel é para estar desligado e os óculos do sol são para guardar na carteira, cumpro religiosamente. Eu até nem costumo pedir para ir ao wc :)
Acredite: sou cumpridora de regras, na escola e em qualquer outra situação de vivência social. Se assim não fosse, viveria na selva. Posso é não concordar com todas as imposições. Nessa circunstâcia, não me coíbo de o dizer.
Quanto à questão da má educaçao nas salas de aulas, creio que os pais têm de refinar a que dão em casa. Quanto aos professores: se se derem ao respeito, serão respeitados. Cumprimentos.