domingo, 1 de março de 2009

Os espinhos do congresso e a rosa de Sócrates










Pela positiva:
Claramente, José Sócrates é o político do marketing. Quem entrasse no congresso de Espinho, meramente movido pela curiosidade, ficaria obviamente deslumbrado. O marketing político do PS (Nacional) funciona de forma irrepreensível. O PS deu um claro salto em frente na comunicação política no país. O PS soube gerir a informação e as oportunidades mediáticas. Sócrates reservou, sem direito a fugas de informação, o prime-time para tirar o coelho da cartola e anunciar – Surpresa -, Vital Moreira, uma verdadeira rosa para avermelhar o socialismo de esquerda. Cuidado porque Vital Moreira é péssimo comunicador de massas. Excelente a escrever, mas não chega.

As propostas sociais de Sócrates. Embora, tenha sabido a pouco.

Empolgante a intervenção de Francisco Assis, um bom quadro que o PS tem vindo a descurar. É pena!

O apagão deu um belo contributo para atenuar a crise: pelo menos nos bares de Espinho.

A frase: “A democracia não conhece feriados, nem tira férias”. (Sócrates)



Pela negativa:

A campanha negra tomou conta do Congresso de Espinho. Tão negra que deu em apagão e as más línguas bloguistas já dizem que foi José Manuel Fernandes que apagou as luzes. Com a ajuda da Manela da TVI. A arena política é o cenário mediático, para bem e para o mal. Socrates esteve mal no ataque à CS. Não deixará de ter as suas razões, mas fez mal em atirar a lança ao mensageiro nesta altura do campeonato. Se há imprensa que não cumpre com rigor o dever de informar, queixe-se à ERC. É para isso que existe a entidade reguladora.

Os ataques ao BE deram-lhe, ao Bloco, projecção mediática.

Falta de chama.

Salvo raros momentos, o congresso parecia despido de congressistas. As mesas de cor branca denunciavam essa ausência.

Faltou a bandeira da regionalização.

Lamenta-se que a Moção de Fonseca Ferreira tenha tido poucos votos.

Por último:
É escandaloso que a RTP não tenha (pelo menos) transmitido em directo o discurso de encerramento. Pode dizer-se, ah pois, mas estava na RTP N. Ora bolas, a RTP N (embora seja serviço público) está no cabo. Em resumo: não está ao alcance de todos.

Claramente, neste ano eleitoral, particularmente nas legislativas, estaremos a referendar a credibilidade do Primeiro-Ministro. É pena! Eu preferia avaliar políticas, ideias, propostas.

Finalmente: Há muitos anos (estou a ficar velha, mas matreira) que acompanho, embora à distância, congressos. Gosto de os analisar sobre vários prismas, de comparar a cobertura que deles fazem os media. De tirar as minhas próprias conclusões e delas dar conta a quem bem me apetece.
Sendo certo que as directas devolveram a democracia às bases dos partidos, o que é facto é que os congressos perderam chama, debate e conteúdo político.

2 comentários:

TZ disse...

"A organização do XVI Congresso do PS envia constantes sms aos jornalistas", "O marketing político do PS (Nacional) funciona de forma irrepreensível", "O PS deu um claro salto em frente na comunicação política no país"
Isto não me parece positivo, não me deslumbra, pressinto o salto no abismo.
É preocupante a evolução da arte da manipulação do povo.
É também preocupante o elevado custo que terá tido a montagem deste congresso. Seria positivo sabermos quem o montou e quanto custou. Seria bom que jornalistas investigassem as ligações entre as empresas que montam congressos e outras montagens pagas por dinheiro público. Por exemplo, o aluguer de um ecrã daqueles do congresso custa o mesmo ai do que quando é alugado para o markting de uma medida governamental??

fernanda disse...

TZ:

É um prazer receber os teus comentários na m/ rua da sardinha. Aparece e comenta mais vezes. Serás bem-vindo.
Relativamente às citações que referes no comentário, se bem reparaste, nessa questão limitei-me a constatar factos.
Mas, obviamente, concordo com a linha das tuas questões.
O marketing político é uma realidade na sociedade moderna. Temos que viver com isso.
Vê lá tu que outro dia li no “Público” que até o Mário Nogueira (FENPROF), sem ter assessor de imagem, aprendeu a intervir nas iniciativas públicas do poder, exactamente nas alturas em que poderia ser notícia e captar o interesse dos mass media.
Agora, cabe aos profissionais da informação desmontar a mensagem e ir à procura de respostas para as questões que levantaste.
Abraço,

Fernanda