sexta-feira, 30 de novembro de 2007
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
Phoe-nix
terça-feira, 27 de novembro de 2007
A propósito do caso Esmeralda...
O PCP ainda existe?
É uma vergonha o que PCP acaba de fazer à Deputada Luísa Mesquita!
Dir-se-à: é lá com eles! Obviamente! E também com os eleitores que nela depositaram voto e confiança. Pelo menos, em democracia, deveria ser assim. Mas que é isso da democracia para o PC???
É por essas, e por outras, que o partido está na curva descendente que se sabe. Vai sendo uma sombra dele mesmo.
Mas isso, é lá com eles...pois claro.
Requiem por Esmeralda
Citação da crónica de João Miguel Tavares, hoje, no D.N.
"É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que algum dos envolvidos no caso Esmeralda vir a entrar no reino dos céus. Esta história é como as tragédias de Shakespeare: nela não se encontra um único inocente, todos carregam consigo alguma forma de culpa, e por isso é tão difícil acreditar que o caso ainda possa vir a ter um final feliz.
Têm culpa o sargento Luís Gomes e Adelina Lagarto, os pais afectivos de Esmeralda, porque acharam aceitável arranjar uma filha através de um negócio feito à beira da estrada. Hoje pagam pela irresponsabilidade da decisão, de contornos mais do que duvidosos e nunca inteiramente esclarecidos, tomada a 28 de Maio de 2002. E pagam também por, a seu tempo, terem impedido qualquer aproximação do pai biológico à criança, contribuindo para o extremar de posições.
Tem culpa Aidida Porto, a mãe biológica de Esmeralda, por ter entregue a filha como entregou, e um ano depois já a estar a reclamar de volta. Em todo este processo, Aidida andou sempre empurrada, consoante os ventos que sopravam dos tribunais e da comunicação social, e já disse tudo e o seu contrário.
Tem culpa Baltazar Nunes, o pai biológico de Esmeralda, porque descobriu a paternidade num tubo de ensaio que lhe foi posto à frente. Depois, fascinado pelos seus próprios espermatozóides, transformou todo este caso numa obsessão pela posse da filha, como se ela fosse um bibelô que se muda de uma casa para outra, sem dores. Tivesse ele um pingo de bom senso e este poderia ter sido um exemplo de persistência. Assim, é apenas um caso de teimosia, orgulho e egoísmo.
Tem culpa, acima de todos estes, a justiça portuguesa. A culpa da demora. A culpa da falta de equilíbrio. A culpa da arrogância. Embora Baltazar só se tenha lembrado de que queria ser pai quando a filha já tinha nove meses, o certo é que anda desde 27 de Fevereiro de 2003 a solicitar a regulação do poder paternal. Já lá vão, portanto, 57 meses de decisões judiciais absurdas, onde o interesse de Esmeralda foi sendo triturado por uma justiça cega, lenta e insensível, que quer fazer nascer um novo pai de acórdãos obscuros, ao ponto de os técnicos que seguem a criança terem decidido saltar fora do processo.
Por tudo isto, o melhor mesmo talvez seja atribuir a culpa à própria Esmeralda. A terrível e definitiva culpa de ter nascido. Alivie-se de uma vez a consciência de todos os intervenientes no processo, e que ela faça como na Canção Desnaturada de Chico Buarque - volte depressa para a escuridão do ventre da sua mãe, de onde, para descanso da nossa justiça, nunca deveria ter saído".
"É mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que algum dos envolvidos no caso Esmeralda vir a entrar no reino dos céus. Esta história é como as tragédias de Shakespeare: nela não se encontra um único inocente, todos carregam consigo alguma forma de culpa, e por isso é tão difícil acreditar que o caso ainda possa vir a ter um final feliz.
Têm culpa o sargento Luís Gomes e Adelina Lagarto, os pais afectivos de Esmeralda, porque acharam aceitável arranjar uma filha através de um negócio feito à beira da estrada. Hoje pagam pela irresponsabilidade da decisão, de contornos mais do que duvidosos e nunca inteiramente esclarecidos, tomada a 28 de Maio de 2002. E pagam também por, a seu tempo, terem impedido qualquer aproximação do pai biológico à criança, contribuindo para o extremar de posições.
Tem culpa Aidida Porto, a mãe biológica de Esmeralda, por ter entregue a filha como entregou, e um ano depois já a estar a reclamar de volta. Em todo este processo, Aidida andou sempre empurrada, consoante os ventos que sopravam dos tribunais e da comunicação social, e já disse tudo e o seu contrário.
Tem culpa Baltazar Nunes, o pai biológico de Esmeralda, porque descobriu a paternidade num tubo de ensaio que lhe foi posto à frente. Depois, fascinado pelos seus próprios espermatozóides, transformou todo este caso numa obsessão pela posse da filha, como se ela fosse um bibelô que se muda de uma casa para outra, sem dores. Tivesse ele um pingo de bom senso e este poderia ter sido um exemplo de persistência. Assim, é apenas um caso de teimosia, orgulho e egoísmo.
Tem culpa, acima de todos estes, a justiça portuguesa. A culpa da demora. A culpa da falta de equilíbrio. A culpa da arrogância. Embora Baltazar só se tenha lembrado de que queria ser pai quando a filha já tinha nove meses, o certo é que anda desde 27 de Fevereiro de 2003 a solicitar a regulação do poder paternal. Já lá vão, portanto, 57 meses de decisões judiciais absurdas, onde o interesse de Esmeralda foi sendo triturado por uma justiça cega, lenta e insensível, que quer fazer nascer um novo pai de acórdãos obscuros, ao ponto de os técnicos que seguem a criança terem decidido saltar fora do processo.
Por tudo isto, o melhor mesmo talvez seja atribuir a culpa à própria Esmeralda. A terrível e definitiva culpa de ter nascido. Alivie-se de uma vez a consciência de todos os intervenientes no processo, e que ela faça como na Canção Desnaturada de Chico Buarque - volte depressa para a escuridão do ventre da sua mãe, de onde, para descanso da nossa justiça, nunca deveria ter saído".
quinta-feira, 22 de novembro de 2007
Vêm aí os franceses
Calma!
Desta vez, eles trazem boas intenções e sapatos.
A 24 de Novembro o General Junot vai voltar a Abrantes. É a evocação dos 200 anos da chegada das tropas francesas à então vila de Abrantes, que aconteceu em 23 de Novembro de 1807. Nessa data, Junot “estacionou” a vanguarda em Abrantes e ordenou ao juiz de fora, José Macedo Ferreira Pinto, que arranjasse “12 mil rações e 12 mil pares de sapatos”. Perante o facto, a história diz que Abrantes pediu às terras vizinhas que fizessem a maior quantidade possível de sapatos, tendo “os sapateiros trabalhado todo esse dia e noite e a população dado os sapatos que tinha para uso”.
No dia 24 será criada no Centro Histórico a envolvência alusiva à época, de forma a “Viver o tempo das Invasões”, através da reconstituição histórica da passagem das tropas francesas por Abrantes, com a recriação de alguns dos momentos chave (14h00). A iniciativa organizada pela Câmara Municipal, com a colaboração do Abrantes Fórum (Centro Comercial de Ar Livre) inclui um mercado à moda antiga que começa por volta das 10.30 h e contará com a presença de figurantes, da comunidade escolar, de grupos folclóricos do concelho, associações, grupo de teatro “Palha de Abrantes” e ainda a participação da Escola Prática de Cavalaria de Abrantes.
Nestes dois dias vai também decorrer o Festival “Ao pé da Arte” que é um desafio lançado às escolas em que estas são desafiadas a fazer sapatos criativos que poderão servir para, nos dias do evento, decorar as montras e o Centro Histórico de Abrantes.
Integrado no programa, a Biblioteca António Botto vai apresentar uma exposição alusiva aos 200 anos das invasões francesas.Para ver até 4 de Janeiro.
Silêncio e paisagem no único local onde somos todos iguais
O Pedro Marques enviou-me esta semana um link do Blog http://quartarepublica.blogspot.com/
O autor, deputado social democrata, escreve sobre o nosso cemitério de Santa Catarina. Controverso, o modelo americano igualitário deste espaço tem feito correr tinta, porque rompe com o tradicional. Percebe-se! E, obviamente respeita-se.
Quando, há uns anos, estive na Jugoslávia, tive oportunidade de ver pela 1ª vez este modelo de cemitério. São espaços integrados nos meios habitacionais das cidades. Lembro-me de um, pegadinho a um pub. Fiquei impressionada com o que vi. Tranquilidade, espaços cuidados, e todos iguais, como deveria ser enquanto por cá andamos.
Aqui fica o registo:
“O senhor António Rosa faleceu há poucos dias tendo manifestado a vontade de ser sepultado no novo cemitério de Abrantes construído há quase três anos ao estilo americano.
A polémica à volta deste jardim prendeu-se com o facto de não poder haver jazigos, cruzes, relevos da sepulturas, flores ou outros ornamentos.
Quebrar as tradições não é nada fácil. Os autarcas, às tantas, já deviam sentir-se como novos Odoricos Paragauçus, personagem cómica criada pelo dramaturgo brasileiro Dias Gomes, e interpretado na série televisiva pelo actor Paulo Gracindo, que ansiava estrear o seu novo cemitério, promessa da campanha eleitoral. O pior é que ninguém morria!
Ao ler esta notícia recordei-me de dois momentos. O mais recente foi como deputado em que me pediram para estudar a feitura de um projecto-lei relativamente ao destino a dar aos restos mortais dos corpos depositados nos jazigos. Nalguns cemitérios, ao fim de alguns anos, muitos acabam por ser abandonados ou apresentarem sinais de degradação com urnas desfeitas originando uma atmosfera pouco digna, ou mesmo nada. Quando fui contactado para esta tarefa tinha acabado de ir a um funeral em que constatei casos semelhantes, num cemitério de Coimbra, tendo ficado indignado com quadros verdadeiramente macabros. É certo que estamos a falar do terreno dos mortos, mas o facto destes não se importarem, não significa que não sejam respeitados, respeito esse que é extensível aos vivos quer sejam ou não familiares. Aceitei a incumbência e, para o efeito, adquiri várias obras sobre a matéria com o objectivo de estudar vários aspectos, sobretudo os tempos mínimos necessários à remoção dos restos mortais e os destinos a dar-lhes. Não descrevo as obras, porque, de facto, são lúgubres, mas, curiosamente, aprendi muito!
O outro momento teve a ver com o facto de há muitos anos ter ido a um curso de verão numa universidade norte-americana.
Fiquei instalado numa residência universitária. Quando cheguei ao quarto, já a tarde ia avançada, deparei, através da janela, com um belo e frondoso parque do outro lado da rua com gradeamento metálico a relembrar o do Jardim Botânico em Coimbra. Árvores de grande porte, provavelmente centenárias, enxameavam um terreno de características irregulares, tipo colinas, com arruamentos sinuosos, canteiros floridos, relvado bem aparado, parecendo-me descortinar um ou outro banco, enfim uma paisagem muito encantadora. Pensei na sorte em ter aquele quadro mesmo em frente. Assim que tivesse uns momentos livres teria que dar uma volta pelo jardim. Ao fim do segundo ou terceiro dia, tendo a tarde livre, dispus-me a visitá-lo. Olhei pela janela, vi pessoas a passear, outras sentadas, crianças a andar de bicicleta, uma senhora a empurrar um carrinho de bebé, um jovem a fazer jogging e o jardineiro em cima de um cortador da relva a andar de um lado para o outro, ou seja vida no parque. Contornei o gradeamento à procura da entrada. Assim que entrei cruzei-me com algumas pessoas que revelaram a sua simpatia cumprimentando-me, fazendo recordar as saudações que se fazem nos nossos meios pequenos. Não foi preciso muito tempo - bastou contornar a primeira colina - para verificar a existência de pedras tumulares disseminadas, aparentemente ao acaso, revelando estar num cemitério! Cemitério muito diferente dos nossos, quase que me apeteceria dizer alegre, mas cemitérios alegres é algo que não existe. No entanto, sentia-se uma certa paz e até uma beleza difícil de explicar, ao ponto de as crianças e os adultos partilharem o espaço para actividades lúdicas sem se incomodarem.
Pensar na morte não é agradável, mas pensei que se um dia pudesse ser enterrado num local igual a este contribuindo para a beleza e frondescentes árvores e flores e permitir uma sensação de tranquilidade aos familiares não deixaria de ser uma pequena maravilha.
O senhor António Rosa teve bom gosto ao optar pelo novo cemitério e os autarcas de Abrantes estão de parabéns pela iniciativa.
Se o cemitério construído por Oderico Paragauçu fosse idêntico a este estou certo de que não se importaria em ser o primeiro a inaugurá-lo esperando o tempo que fosse preciso...
posted by Salvador Massano Cardoso @ 14:40 6 comments
6 Comments:
At 19:52:00, Bartolomeu said...
Compreende-se caro professor Massano Cardoso, que os novos estilos sociais de vida, sobretudo nas cidades, são incompatíveis com alguns preceitos fúnebres que encontram aceitação e seguimento nas sensibilidades humanas, sobretudo naquelas que acompanham o mesmo, com o culto religioso e penso no ocidente serão a maioria.
Por isso penso que não será fácil encontrar uma fórmula que concilie com a dignidade de que o caro professor fala, neste (como é habito) grandioso post.
Os cemitérios relvados, arborizados, decorados, serão possívelmente mais bem aceites e úteis, numa sociedade menos supersticiosa e menos arreigada aos preceitos religiosos, na medida em que se convertem num local de convívio,dinâmico.
Penso que até o clero fosse o sector mais resistente à introducção da generalização deste modelo, mas até posso muito bem estar a fazer uma ideia errada.
Pessoalmente, gostava de ser enterrado naquilo que me pertençe, um cantinho pacato do meu terreno, de onde se usufrui uma belíssima vista, só tem um senão... é que a vista é orientada a nascente, o que inviabiliza a "coisa" dado que a cabeça deve ficar orientada para norte ou nascente. Tambem não sei se o "pessoal" cá em casa ia na conversa, mas, pelo andar da carroagem, não me admiro mesmo nada que daqui a algum tempo, cada um vá passar a ter de enterrar os seus mortos. Não me admiro mesmo nada.
At 2:55:00, despertador said...
No cemitério de Monchique, em Guimarães, a coisa também era para ser mais ou menos assim, sem "jazigos, cruzes, relevos das sepulturas, flores ou outros ornamentos", mas depois lá se percebeu que o povo manda, e vota, e agora, quem lá for visitar o cemitério galardoado com prémio de arquitectura paisagística lá verá "jazigos, cruzes, relevos das sepulturas, flores ou outros ornamentos".
quarta-feira, 21 de novembro de 2007
Tachos
domingo, 18 de novembro de 2007
Moita Flores questiona papel das escolas de condução
Vá lá! Desta vez o homem mostrou-se atento à realidade e tocou numa ferida.
"O presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores (PSD) questionou este domingo, na cerimónia de evocação das vítimas da sinistralidade rodoviária, o controlo exercido sobre as escolas de condução. "Uma das perguntas que deve ser feita é que controlo temos sobre as escolas de condução, em que termos são dadas as cartas de condução, quem é utente desse documento que coloca na estrada alguém com um objecto que mata e que mata muitas vezes mais do que uma vida", questionou.
Referindo as responsabilidades das autarquias no que toca à redução dos riscos, no "Dia da Memória, que se assinalou em Santarém com a presença do ministro da Administração Interna, Rui Pereira, o autarca frisou o papel da administração central, frisando não compreender por que razão a formação nas escolas para as várias situações de risco, incluindo a rodoviária, foi esquecida "durante tanto tempo".
sexta-feira, 16 de novembro de 2007
Vai uma salada?
Começa hoje e decorre até dia 25 de Novembro, a Semana Nacional da Agricultura Biológica (este Portugal tem semanas para tudo), no âmbito da qual serão levadas a cabo centenas de acções em todo o país. Veja se há alguma coisa perto de si. www.semanabio.com
E rabanetes também se arranja?
Epá, ele anda aí....o homem das hortas.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
A Igreja Portuguesa e as ovelhas que fogem do redil
Do meu cronista preferido, João Miguel Tavares:
"Tanta orelha santa a arder. Os bispos portugueses promoveram uma série de relatórios diocesanos - que embora confidenciais todos sabem o que dizem: menos padres, menos gente na missa, menos baptizados -, foram mostrá-los ao Papa e vieram de lá com um raspanete dos grandes, ainda que proferido naquele tom eclesiástico que mistura elogios, sorrisos beatos, citações da Bíblia e alfinetadas. Que eu saiba, não há memória de um Papa se dirigir à Igreja portuguesa convidando-a a "mudar o estilo de organização e a mentalidade dos seus membros" perante a "maré crescente de cristãos não praticantes" nas dioceses. Mudar de estilo e de mentalidades não é o mesmo que mudar a cor das vestes litúrgicas ou afinar os cânticos das missas - é mudar tudo. São palavras duríssimas de Bento XVI, tanto mais significativas quanto politicamente até correm o risco de fragilizar a Igreja nos embates que tem tido com o Governo, como foi o caso recente das capelanias hospitalares.
Ainda assim, talvez o seu discurso consiga o milagre de promover um debate alargado sobre o estado da Igreja em Portugal, que é bem preciso. Quando no espaço público se discutem os problemas da Igreja, em 90% dos casos é conversa sobre sexo - desde o celibato dos padres ao uso dos contraceptivos, passando pela posição do Vaticano sobre a homossexualidade. Mas essa é apenas a árvore que esconde uma floresta de problemas. Quem está de fora nem sequer sabe que existem, mas eles estão lá, e o Papa apontou dois: o défice de "participação na vida comunitária" e a falta de "eficácia dos percursos de iniciação actuais", sendo que o primeiro acaba por ser uma consequência natural do segundo. Traduzindo para português, a referência aos "percursos de iniciação" quer dizer uma coisa muito simples: os cristãos portugueses estão mal preparados, vivem agarrados a uma religiosidade popular mal fundamentada e isso faz com que entre o fim da infância e o início da idade adulta boa parte das ovelhas se pisgue do redil.
Curiosamente, é uma questão de estatística. Em Portugal baptiza-se quase tudo à nascença, aos sete anos faz-se a primeira comunhão e aos 15 despacha-se o crisma - como se fosse possível aos sete alguém compreender a profundidade da eucaristia e aos 15 estar em condições de afirmar a maturidade da sua fé. Esta juvenília religiosa é boa para se chegar aos noventa e tal por cento de católicos em Portugal, mas leva a que aos 15 esteja feita a licenciatura cristã e que aos 18 já só haja jovens no coro. O preço que se paga é muito alto: ficam apenas fiapos de fé. E por isso Fátima enche, enquanto as igrejas se esvaziam".
sábado, 10 de novembro de 2007
luto nas estradas II
Uma vez mais, ficou provado que a ausência de informações oficiais provoca o boato e a informação contraditória.
De uma vez por todas, os serviços centrais têm a obrigação de estruturar gabinetes de relações públicas credíveis e eficientes. Os hospitais e os tribunais, na linha da frente. Não digo um serviço por cada estrutura mas, talvez por região. É inaceitável que os jornalistas fiquem horas a fio em qualquer porta de uma urgência hospitalar a aguardar uma confirmação. A maior parte das vezes são os próprios clinicos a fornecerem as informações. Ora, esses têm mais que fazer.
Obviamente que nestas circunstâncias, não havendo interlocutor, recorrem as outras fontes que, não sendo oficiais, podem sempre ser susceptíveis de serem duvidosas.
Na Europa é assim que funcionam os serviços públicos.
Seria bom darmos mais esse passo.
luto nas estradas I
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Manuel Maurício dos Reis
Olá amigo,
Estou a imaginar que a tua chegada ao sítio onde estás agora, terá sido igual às que fazias por cá: “Olá gente boa!”. Certamente já encontraste o Dr. Bandos, o sr. Moura e o Eduardo Campos e estás a pôr a conversa em dia. Será que aí também há horas e dias? Espero que haja algo que se assemelhe a um microfone: “São mais de 15 mil”, ou a uma máquina digital para registares todos os momentos, como fazias por cá.
Não vou falar bem de ti. Já sabes que não alinho nessas merdas hipócritas. Vou falar de ti e pronto. Como eras, como te via, como reagias, como sentias, sem recorrer àquelas tretas fúteis, próprias destes momentos. Tu já sabes como é que eu sou:”esta gaja tá sempre a dar-lhe”.
Não chegaste a conhecer o meu Blog, pois não? Sei lá! Nunca comentámos sobre isso: “Então miga, novidades?”.
Olho a máquina do tempo e tu, Manel, estiveste sempre lá. Como vizinho, colega e amigo.
Conheci-te desde sempre, ou quase. Tenho poucas memórias da infância, mas lembro-me muito bem que quando os meus pais chegaram ao Rossio, tinha eu pouco mais de seis anos, foste das primeiras pessoas que conheci. Na mesma rua, numa porta a poucos metros. Tinhas mais quatro anos do que eu. Lembro-me das camisolas de gola de alta que vestias no Inverno, do cabelo muito preto. Sempre de risco ao lado. Eras o Manel da Olímpia.
Não partilhámos a mesma carteira, mas corremos e saltamos no mesmo pátio da escola, numa altura em que as raparigas não davam muita “trela” aos rapazes, porque a época e os costumes não deixavam.
Não andámos juntos na catequese mas divertíamo-nos à brava nas noites de Verão, no Jardim do Bairro da Igreja, quando nos juntávamos ao grupo dos mais velhos.
Depois crescemos. É a lei. Tornámo-nos adolescentes e crescemos juntos no Rossio das cheias, das festas no ringue, do hóquei em patins, da carrinha da Biblioteca (onde íamos buscar os livros), da loja da menina Emília (onde comprávamos as pastilhas e os cromos) e da loja do sr. Jorge. Saia à rua e tu estavas sempre lá. Eras o “Serrote”.
Nessa altura, já tu te interessavas por temas que eu ainda não percebia muito bem:
-“Viram para aí o Manel?”
- “Vem mais tarde. Foi para um comício do PS”. O partido de que tanto te orgulhavas, incondicionalmente, e ao qual te dedicaste, desinteressadamente.
Aparecias tarde mas vinhas sempre à matiné que organizávamos na casa da D. Marieta, com a Isabel, a Guida, o João, a Lena, o João Miguel…
Ficava sempre à espera que me escolhesses a mim para dançar. Nas matinés, nas festas, nas discotecas. Dançavas como ninguém. E acertávamos sempre o passo!
Anos depois veio a magia da rádio, na Antena Livre. Acho que chegaste tu primeiro, pela mão e pelo talento do Colaço. Era um gosto ouvir-te: “ Então oh vizinha, tá a gostar?”. As emissões da madrugada, com o João Paulo Santos, os debates e as coberturas das autárquicas, as polémicas assembleias municipais do tempo do Drº Humberto, as cheias, os incêndios, os directos das feiras e das festas. Tu estavas sempre lá. Empenhado e desinteressado.
Na década de 90 era costume encontrarmo-nos à noite no “Chave D’ Ouro”. Tu com o teu grupo, eu com o meu. Muitas vezes em grupos comuns. Era lá que discutíamos os temas da actualidade, comentávamos as manchetes do jornal, cortávamos na casaca, mas não me lembro de te ouvir falar da vida particular dos outros. Até nisso eras exímio. Por lá ficávamos até de madrugada. Ás vezes ficava à tua espera. Eras uma matreca, falavas, falavas: “Vamos embora Manel”. Eu era a tua boleia. Que raio Manel, nunca tiraste a carta. E lá vínhamos nós até ao Rossio, sempre na converseta. Ás vezes combinávamos coisas comuns para o dia seguinte. Outras vezes, quando já íamos de rastos, deixava-te à porta e ligava-te a seguir para saber se tinhas chegado bem. Outras vezes eras tu quem ligava. Foi assim, anos a fio.
Quando em 2001 cheguei à Câmara de Abrantes, lá estavas tu no gabinete de apoio às freguesias: “amigo, passa-me aí um contacto”, “Oh lindo diz-me o ponto de situação desta obra”. Eu sempre fui uma melga e tu nunca me recusaste apoio.
Depois, veio futebol. O AFC era o teu orgulho. Não havia fronteiras para divulgares o nome do teu clube e era com brio que sempre te referias aos teus meninos. Ao Sábado, ou ao Domingo, lá estava o Manel. Eras o speaker de serviço, fazias o sorteio dos presuntos das sapatilhas ou das bolas, recebias as quotas, angariavas novos sócios, eras relações públicas e, se fosse preciso, chutavas para canto. Quando não estavas, havia sempre quem perguntasse “Então o Manel?”.
Costumavas dizer que não percebias nada de futebol, mas gostavas de emoções. Tu eras um emotivo (no dia a mulher nunca te esquecias de brindar as colegas com um fax, e-mail, sms). E quando a coisa não corria de feição juntavas-te ao coro dos protestos: “ó sr. Árbitro é preciso uns óculos?”.
A universidade da vida licenciou-te num comunicador exemplar. Não perdias pitada da actualidade. Eras quase sempre o primeiro a dar notícia: “amiga, já viste hoje o Correio da Manhã? Trás uma notícia sobre Abrantes”. A Comunicação Social respeitava-te. Espero que todos soubessem que era mútuo.
A juventude era o teu máximo. Os jovens adoravam-te. A malta da ESTA esteve lá na hora da tua partida, como sempre esteve porque tu estavas com eles por onde quer que andassem.
Foste um cidadão empenhado, critico, quando necessário, e solidário.
Eras um homem sem idade. Sei lá! Conheci-te sempre assim, tal como partiste. Tinhas vaidade na forma como te apresentavas e tudo te assentava bem. A gabardina e a samarra de Inverno. Os fatos completos de todo o ano. As gravatas escolhidas a dedo.
Amavas a tua Abrantes “uma cidade, um concelho, sempre a vencer”. O teu Rossio e o Tejo.
Sabes amigo, já passaram uns dias. Quando o telefone toca, já não és tu do outro lado. Quando nos juntamos na hora da bica no “Pirata”, faltas tu.
Ainda era cedo para ires.
Queríamos ir buscar-te, mas não podemos.
Mas há uma coisa que podemos: não esquecer-te!
Um beijinho, migo.
Será sempre um até breve.
“Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.
Para ti criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.” Sophia de Mello Breyner Andresen
domingo, 4 de novembro de 2007
Bufocracia
Dia Europeu dos Direitos dos Jornalistas
O Sindicato dos Jornalistas apela à participação de toda a classe no Dia Europeu dos Direitos dos Jornalistas, que se assinala a 5 de Novembro como jornada de luta por melhores condições laborais e um jornalismo condigno.
Sob o lema "Stand up for Journalism" (Levantem-se pelo Jornalismo), esta iniciativa da Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) pretende alertar para a pressão política sobre os média, o decréscimo da qualidade da imprensa, o aumento da precariedade nas condições de trabalho da classe, o ataque generalizado à contratação colectiva e o desrespeito pelos direitos dos jornalistas na Europa. Associando-se à iniciativa, o Sindicato dos Jornalistas propõe a realização de um minuto de silêncio nas redacções e desafia os jornalistas a envergar uma camisola com a frase "Levanta-te pelo Jornalismo", inclusive nos eventos a que se deslocarem em serviço.
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