terça-feira, 15 de julho de 2008

Televisão: E não se pode regulá-la?














Estaremos perante um case-study da teoria tão em voga do cidadão reporter?
Ora vejamos:
A SIC e a TVI transmitiram em exclusivo momentos da rixa na Quinta da Fonte, em Loures. As imagens, compradas pelas duas estações, mostram indivíduos de etnia cigana envolvidos nos desacatos. José Fernandes, líder desta comunidade, levantou ontem a questão: "Não sei por que é que só mostram ciganos nas imagens." Qustão pertinente!
Segundo o Correio da Manhã,a TVI terá pago cerca de 1800 euros pelo vídeo de um minuto, gravado com uma câmara fotográfica. João Maia Abreu, director de Informação da estação de Queluz de Baixo, recusa comentar o assunto, dizendo apenas que "a compra de imagens é uma coisa normal".
Já a SIC terá pago muito menos do que a TVI: cerca de 200 euros. Alcides Vieira, director de Informação, rejeita contudo a palavra compra, dizendo que se trata de "uma força de expressão". "O que nós fazemos é pagar as despesas às pessoas, como o táxi ou a gasolina."
A RTP preferiu ficar de fora por entender que as imagens não eram isentas, ao mostrarem apenas um dos lados da barricada, acrescenta o CM. Fez bem. O serviço publico tem essa obrigação.
O director de Informação da SIC não considera que isso seja um problema, já que "as imagens do cidadão têm de passar por um trabalho jornalístico de enquadramento".
"A SIC disse que só ia mostrar uma parte da história. Não enganámos ninguém", disse Alcides Vieira. Não me lembro de ter ouvido essa declaração de interesses.


A venda de imagens não-jornalísticas é uma nova realidade. é preciso refletir sobre ela!

Um comentário:

João Baptista Pico disse...

"um case-study" ?!
"A venda de imagens não jornalísticas é uma nova realidade, é preciso reflectir sobre ela!"
O problema não está na venda de imagens. Nem porque as mesmas só mostravam ciganos e não comprometiam os antagonistas de raça africana, que não apareceram nessas imagens. Mesmo mostrando essas imagens sempre se poderia afirmar e reafirmar que não foi possível mostrar a "resposta" dos antagonistas, pois havia antagonismos...
O problema está na falta de rigor e isenção, duas facetas que juntas poderiam e deveriam ser só por si razão de uma pesada multa ou inibição da carteira jornalística aos envolvidos na elaboração das notícias e comentários já nos estúdios de televisão e a suspensão do alvará de emissão das próprias estações televisivas em causa.
Quanto à venda nada se pode fazer pois entra no domínio do livre comércio e nada nos faz admitir e dar como bom o regresso, à Idade Média, ao tempo da Inquisição ou ao confisco da Pide ou da KGB...

Esta questão vem no seguimento do que ainda ontem aqui comentava: a "fabricação" de notícias discriminatórias que partindo dos centros dos "spins doctors" instalados ou colaborantes das autarquias fazem inundar as redacções dos jornais nacionais, locais ou regionais de textos que depois essas redacções nem sequer acrescentam - no mínimo - a tão necessária "declaração de interesses" avisando osleitores que aquele texto foi enviado pela aentidade interessada nessa publicidade.

Isto é negar o contraditório. É "secar" toda a liberdade de informação e a opinião pluralista que a Constituição define e exige nos seus articulados.

E no limite, mostra a total ausência de fiscalização actuante do Ministério Público, pois esse e outros casos, acabam na infracção às regras, logo passíveis de incriminação. Justiça!

Esta sociedade criou tanta impunidade com as suas protecções e capelinhas que de um momento para o outro pode dar-se a tal situação grave que a SEDES anunciava há uns meses atrás...
E que no último trabalho curiosamente, preferiu esbater talvez acreditando que a nova liderança no PSD trouxesse a "boa nova"...
A sondagem da Católica é que não esteve pelos ajustes. Colocou MFL igual a Meneses e quanto a "credibilidade política" entre Sócrates e MFL havia um ponto apenas de diferença entre ambos!...

O "case-study" aí está , concordo plenamente consigo. Mas a matéria é que poderá ter que ser alargada a toda a linha...
E termos como "manipulação" "publicidade enganosa" têm que ser declaradas "personnas nom gratas" e erradicadas de vez.
Outro 25 de Abril! Mas com LIBERDADE PLENA, nunca com mistificações e trocas de uma ditadura por outra...