sábado, 8 de setembro de 2007
O caso MacCann e o bom senso...ou a falta dele
Não quero acreditar que a PJ esteja a chegar ao estado de desespero na procura de culpados num caso que se arrasta há tempo demais e que, parece-me, ainda se vai arrastar. Mas também tenho dúvidas nas responsabilidades do casal McCann relativamente ao desaparecimento da menina. A ser verdade, seria mau de mais.
Os últimos acontecimentos de Portimão, causam-me algumas náuseas.
Passo a explicar:
1 - A porta-voz do casal, Justine McGuiness, em antecipação à polícia, anunciou ontem de manhã à imprensa inglesa que Kate McCann (confesso, não me cativa a senhora) iria ser constituída arguida. Esta senhora, que se apresenta como assessora de imprensa do casal inglês, ultrapassou o limite do razoável, não conhece a legislação portuguesa e, por isso, já devia ter sido recambiada para o local de onde veio. Por ter dito o que não podia, as autoridades portuguesas deviam mover-lhe um processo, imediatamente!
2- Os MacCann passaram de testemunhas a arguidos. E quantos de nós sabemos o que é ser arguido? Do que vi e ouvi das reacções populares, somos poucos a saber que o arguido não é propriamente culpado. Vá lá, alguma imprensa ajudou a esclarecer.
“A constituição de arguido implica automaticamente a aplicação de uma medida de coacção, que pode variar entre o termo de identidade e residência e a prisão preventiva. O arguido é uma pessoa que é suspeita de um determinado ilícito ou crime, embora até prova em contrário tenha direito à presunção de inocência. Tem obrigatoriamente que ser assistido por um advogado, escolhido por si ou nomeado oficiosamente, em todos os actos processuais em que participe. O arguido pode recusar-se a colaborar com as autoridades e não é obrigado a responder às perguntas que lhe forem dirigidas e pode remeter-se ao silêncio durante todas as fases do processo”.
3- As imagens de ontem, em Portimão, junto à porta da PJ, que mostravam o povo, qual justiceiro, misturado com os Jornalistas (deixem-nos trabalhar), chocou-me! É Portugal no seu pior. Claramente! Uns fotografavam os MacCann ( e pronto é nisto que toda a gente se acha jornalista), outros apupavam Kate. Mas não foram os mesmos que passaram semanas a fio a aplaudi-la? E então, em que é que ficamos? Outros ainda diziam aos microfones (5 segundos de fama, ok, é um direito) que Kate é má mãe porque não chora. E????? Mas, neste capítulo, devo acrescentar que considero os McCann negligentes. Não se deixa um filho a dormir para sair de casa jantar com os amigos.
Como escrevia António Nicolau no “Expresso”: “ Ainda não estamos na Idade Média, em que se queimavam bruxas na fogueira com base em acusações muito pouco fundamentadas. Mas se não arrepiamos caminho, um dia destes é aí que chegaremos – com as televisões a transmitir em directo, claro.”
Nota: Não estou a defender os MacCann, nem a desacreditar a PJ. Sou defensora do bom senso e só acredito em dados provados.
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